Toledo afirma: “Esses vão ser os dois piores resultados do ano, se Deus quiser”

Com lesão no fêmur esquerdo, Filipe Toledo fica fora das 2 próximas etapas na Austrália e pretende voltar para defender seu título no Rio de Janeiro

A dor estampada no rosto durante e após a semifinal em Gold Coast não era exagero. Filipe Toledo sofreu uma lesão na cartilagem da cabeça do fêmur esquerdo. O impacto acabou causando, também, um pequeno trauma muscular. Como consequência, o top 4 do Circuito Mundial de Surf ficará de fora das duas próximas etapas do Tour, também na Austrália, em Bells Beach e Margaret River, com expectativa de retornar 100% para defender a vitória no Rio de Janeiro.

O surfista segue nesta sexta-feira (18) para San Clemente, na Califórnia/EUA, onde mora atualmente, para iniciar o tratamento com fisioterapia. “A lesão foi coxo-femural e requer repouso. Não é grave, mas se não tratada corretamente, pode se tornar. Ele fará fisioterapia com o doutor Mark Kozuki, o mesmo que cuidou dele quando lesionou o tornozelo. Serão sessões alternadas no início, pois não pode manipular muito ainda, mas que se intensificarão do meio para o final”, explicou o pai, técnico e manager Ricardo Toledo.

Depois de grandes apresentações e, inclusive, garantir o único dez no evento, onde defendia a vitória de 2015, Filipe sofreu a lesão durante a semifinal contra o australiano Matt Wilkinson (que acabou se sagrando campeão). Ao voltar de um aéreo caiu sobre a prancha, causando o trauma na coxa (inicialmente imaginou-se ser a virilha). Mesmo com fortes dores, continuou na disputa, tentando a classificação à final.

Surfou mesmo no sacrifício e ao final da bateria, saiu amparado pelo pai e por um segurança até o palanque, onde recebeu o primeiro atendimento médico. De lá, foi até o hospital John Flynn, já usando muletas, para o exame de ressonância magnética.

Nesta quinta-feira, Filipinho gravou entrevista em vídeo, falando da lesão e da expectativa de retorno. Visivelmente abatido e triste, ele não deixa de manter o pensamento positivo. “O sentimento é de muita tristeza. Vai ser muito doloroso, mas tenho de agradecer, poderia ter sido algo muito pior. Poderia ter ficado muito tempo sem surfar, mas se Deus quiser, no Rio já estou bem para poder competir e, se Deus quiser, poder vencer lá”, disse.

“Esses vão ser os dois piores resultados do ano, se Deus quiser, os dois descartes. E agora é batalhar, tentar um resultado melhor a cada etapa e chegar lá no Havaí brigando pelo título novamente”, afirmou o surfista.

Acompanhe entrevista 

Qual o sentimento de ficar de fora das duas próximas etapas, ainda mais nesse momento em que estava surfando tão bem?

Bom, o sentimento é de muita tristeza, de poder não competir naquelas etapas que Bells Beach, uma onda que eu gosto muito, e Margaret é um lugar especial, com ótimas ondas, ainda mais nesse momento que estou agora, me sentindo muito bem, pranchas muito boas e eu ter de ficar de fora e assistir a galera competir, vai ser muito doloroso, mas tenho de agradecer, poderia ter sido algo muito pior. Poderia ter ficado muito tempo sem surfar, mas se Deus quiser, no Rio já estou bem para poder competir e, se Deus quiser, poder vencer lá.

Qual foi o diagnóstico?

Depois de uma tomografia, uma ressonância e um raio-x, o doutor do hospital John Flynn, aqui na Gold Coast, disse que eu tive uma impactação coxo-femural, ou seja, a cabeça do fêmur meio que espremeu a cartilagem e um pouco do músculo também na minha virilha, e isso fez com que eu ficasse sentindo muita dor na hora e me deixou sem surfar por umas quatro semanas, no máximo seis.

Como vai ser o tratamento?

Agora é voltar para a Califórnia, fazer fisioterapia com o doutor Mark Kozuki, que cuida dos atletas da Hurley e já cuidou da minha lesão no tornozelo. Então é fazer todos os dias a fisioterapia para poder recuperar o mais rápido possível.

Conta para a gente um pouquinho como foi essa lesão…

Foi num aéreo, logo nos cinco primeiros minutos de bateria. Eu peguei uma onda, dei umas duas rasgadas lá fora e depois fui para um aéreo na junção e quando eu estava no aéreo eu estava bem agachado na prancha, com uma base bem aberta, e na hora que eu estava voltando da manobra, a onda explodiu e levantou, pegou no fundo da minha prancha e fez com que a minha perna da frente esticasse para cima e um pouco para o lado. Foi em questão de milésimos, foi só uma pancada, muito rápida e na hora já senti essa dor.

Mesmo com fortes dores, você ainda voltou para o outside e chegou perto da vitória. O que te motivou?

Acho que poder estar na semifinal e estar me sentindo muito bem, estava surfando muito bem, saber que mais um passo eu estaria na final, foi uma motivação muito grande e ter o suporte de toda a galera na praia, do meu pai, meus amigos que estavam no palanque, isso me motivou a voltar e continuar na bateria. E aproveitei que eu estava quente, a adrenalina estava no auge, até então não estava sentindo tanta dor assim, tentei voltar, buscar a vitória, mas infelizmente não deu.

E ficando fora de duas etapas, ainda tem algum estímulo para pensar no título mundial?

Sem dúvida alguma! Esses vão ser os dois piores resultados do ano, se Deus quiser, os dois descartes. E agora é batalhar, tentar um resultado melhor a cada etapa e chegar lá no Havaí brigando pelo título novamente.

E a expectativa de voltar no Brasil e defender o título na Barra da Tijuca?

Acho que não tem sensação melhor! Poder voltar lá, na minha casa, podemos dizer assim, na frente do público que mais prestigiou um evento na história do surf, poder chegar lá e defender o campeonato, o meu título, não tem sensação melhor.

 

 

 

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