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REMA WSL Saquarema Surf Festival é encerrado em mais um dia mágico na Praia de Itaúna

REMA WSL Saquarema Surf Festival em memória a Leo Neves apresentado pela Prefeitura de Saquarema foi encerrado em mais um dia mágico de Sol e boas ondas na Praia de Itaúna lotada no sábado. Foram seis decisões emocionantes que culminaram com a catarinense Tainá Hinckel e o paulista Weslley Dantas escrevendo seus nomes no Troféu Leo Neves pelos títulos no QS 6000. No Pro Junior, Rickson Falcão conquistou a primeira vitória de um surfista de Saquarema e a paranaense Luara Mandellifestejou o seu primeiro título na categoria Sub-20. No Longboard, Chloe Calmon conseguiu o tricampeonato e o também carioca Phil Rajzman venceu pela primeira vez este evento no Maracanã do surfe brasileiro.

Mais dois competidores de Saquarema disputaram os títulos no cenário perfeito para fechar com chave de ouro a quinta edição do Maior Festival de Surf da América do Sul, realizado pela 213 Sports desde 2021. O campeão do Longboard em 2022, Rodrigo Sphaier, ficou em segundo lugar dessa vez e o Daniel Templar também foi o vice-campeão na final do QS 6000. Já Tainá Hinckel ganhou a final catarinense com Laura Raupp, que valia um inédito bicampeonato no QS na história do REMA WSL Saquarema Surf Festival. As duas ganharam as duas últimas edições, foram as últimas campeãs sul-americanas da WSL e Laura Raupp defendia os dois títulos conquistados na última temporada da World Surf League.

“Estou muito feliz com esse título. Confesso até que demorei pra acreditar que eu tinha ganho, que a bateria tinha finalizado. Eu tava tão focada que, pra mim, parecia que não tinha acabado ainda”, disse Tainá Hinckel“Estou muito, muito feliz com esse bicampeonato e só eu sei o quanto mereço. Eu tava muito focada nessa bateria e só sabia que ia fazer tudo o que precisava para vencer. Surfei do início ao fim pensando nisso e felizmente aconteceu. Todas as atletas estão surfando muito, admiro todas e estou muito feliz em fazer mais uma final com a Laura (Raupp)”.

Laura Raupp tinha feito os recordes do QS feminino na semifinal contra a experiente Silvana Lima, nota 9,50 e 16,50 pontos. Mas, Tainá largou na frente com notas 6,83 e 6,17 logo no início e com elas ganhou o duelo de campeãs que já se tornou um clássico do surfe brasileiro. A surfista olímpica da Guarda do Embaú não surfou mais nada na bateria foi marcada por longas calmarias, com poucas ondas boas para Laura Raupp poder repetir o que já tinha mostrado na semifinal. As duas agora encabeçam o primeiro ranking da temporada 2025/2026 da WSL South America, que decide os títulos sul-americanos e classifica 3 mulheres e 7 homens para o Challenger Series, circuito de acesso para a elite do Championhip Tour (CT).

Esta foi a quarta vitória da Tainá Hinckel em etapas do QS e a última tinha sido numa final contra a mesma Laura Raupp na Praia Mole de Florianópolis no ano passado. Laura vinha de um bicampeonato inédito nesta etapa da Ilha de Santa Catarina, que mudou para a Praia da Joaquina esse ano. Mas no REMA WSL Saquarema Surf Festival, foi Tainá Hinckel quem conseguiu esse feito. Se vencesse, Laura igualaria o número de 10 vitórias da Jacqueline Silvaem etapas do QS, ficando só abaixo da recordista mundial Silvana Lima, que colecionou 19 títulos comemorados desde o primeiro em 2003 até 2023.

VITÓRIA PAULISTA INÉDITA – Na decisão do QS 6000 masculino, que fechou o REMA WSL Saquarema Surf Festival, o surfista da cidade, Daniel Templar, tinha todo o apoio da torcida e preferiu se posicionar mais a direita da arena do evento, enquanto Weslley Dantas ficou mais em frente. E o paulista de Ubatuba acertou na escolha, pegando as melhores ondas para mostrar a potência do seu frontside nas esquerdas de Itaúna. Ele é conhecido pelos seus aéreos, mas ganhou o campeonato com batidas e rasgadas executadas com pressão e velocidade incríveis. Weslleyregistrou um novo recorde de 17,03 para esta quinta edição do evento, enquanto Daniel Templar ficou tentando os aéreos sem completar as aterrissagens.

“Eu venho trabalhando muito pra fazer um bom resultado num QS no Brasil, porque eu não tinha ganhado nenhuma etapa aqui ainda”, disse Weslley Dantas“É o meu trabalho sendo feito, esta é a segunda etapa que eu ganho esse ano, fiquei perto de entrar no Challenger Series e com essa vitória eu poderia até ganhar uma vaguinha lá né (risos). Eu to surfando bem, to quebrando, então se sobrar uma vaga, eu to aí, mas eu só tenho que agradecer a Deus. Sem Ele, nada disso teria acontecido e quero agradecer minha família também, minha namorada, meu irmão que tá aqui, ao L7nnon que também veio me apoiar e a todos que torcem por mim. Mãe, eu falei mãe, prometi e cumpri, esse troféu vai pra Ubatuba (risos)”. 

A vitória de Weslley Dantas foi a primeira de um paulista no QS do REMA WSL Saquarema Surf Festival e a terceira da carreira dele. A primeira foi em 2018 em Pantin na Espanha e a segunda esse ano em Señoritas, no Peru. O inédito título de um saquaremense não aconteceu para Daniel Templar, que terminou como vice-campeão, repetindo o resultado do João Chianca em 2021 e 2022. Mas, a torcida já tinha vibrado bastante com a vitória do Rickson Falcão na categoria Sub-20, que valia a liderança isolada no ranking da WSL South America, que classifica dois surfistas para o Mundial Junior da World Surf League.

PRO JUNIOR – Era a terceira final consecutiva dele na Praia de Itaúna, ficando em quarto na final de 2023, foi vice-campeão no ano passado e agora conseguiu repetir a vitória conseguida na primeira etapa deste ano no Peru. O REMA WSL Saquarema Surf Festival realizou a terceira etapa de 2025 e Rickson Falcão usou os aéreos para superar o bicampeão sul-americano Pro Junior de 2023 e 2024, Ryan Kainalo. Foi a decisão mais incrível e emocionante do sábado, decidida por 0,01 de diferença, com ambos fazendo novos recordes no Pro Junior desse ano na Praia de Itaúna, 15,57 e 15,56 pontos. Em terceiro lugar na final ficou Sunny Pires e o vencedor da terceira edição em 2023, Gabriel Klaussner, terminou na quarta posição.

“Estou aliviado porque eu tava muito apreensivo e sabia que o Ryan (Kainalo) tinha total condições de poder vencer”, disse Rickson Falcão“A bateria foi muito louca. Eu comecei com uma estratégia que não deu certo, então tive que virar a chave e decidi apostar tudo nos aéreos. Estou muito feliz de vencer em casa, com as pessoas que eu mais amo aqui na areia, torcendo por mim e fico feliz de poder dar esse show pra praia toda. É a minha casa, um lugar maravilhoso e esse é um presente pro meu pai. Também fiz uma dobradinha com minha namorada (Luara Mandelli) e estou muito feliz”. 

A namorada do Rickson Falcão, a paranaense Luara Mandelli de apenas 16 anos de idade, conseguiu a sua primeira vitória na categoria Pro Junior da World Surf League também de forma emocionante, no último minuto. Ela enfrentou três surfistas de outros países e a grande favorita era Catalina Zariquiey, que lidera o ranking e vinha fazendo os recordes femininos na Praia de Itaúna a cada apresentação. A peruana ficou na frente desde o início, mas Luara achou uma direita no último minuto, abrindo a parede para ela mandar três manobras potentes de frontside, que valeram 6,50. Com essa nota, ela virou para 10,27 a 9,13 o placar contra Catalina Zariquiey, com as chilenas Estela López e Matilda Bultó ficando em terceiro e quarto lugar.

“Nossa, eu estou sem palavras, meio sem acreditar ainda e quero agradecer muito à Deus”, disse Luara Mandelli“Eu treinei muito pra isso, mas não conseguia fazer um campeonato bom há muito tempo. Então quando eu perdi no QS, prometi pra mim mesma que ia dar meu melhor no Pro Junior, pois era uma das minhas metas esse ano ganhar um. Eu fui meio mal nas duas primeiras etapas e estava até um pouco desacreditada de mim. Agora, no final da bateria, faltava pouco pra acabar e eu falei, Deus eu só quero uma onda. E veio uma direita muito boa, que consegui fazer um 6,50 e estou muito, muito feliz”. 

LONGBOARD – No Longboard, a carioca Chloe Calmon, três vezes vice-campeã mundial e tricampeã sul-americana da World Surf League, manteve a invencibilidade na Praia de Itaúna. Ela ganhou as duas primeiras edições do REMA WSL Saquarema Surf Festival em 2021 e 2022, não competiu em 2023 e 2024 e retornou agora, depois de se afastar das competições para tratar da saúde mental no ano passado. Na decisão do sábado, Chloe Calmonmostrou toda a sua arte em fazer as manobras clássicas dos pranchões e conseguiu uma nota excelente, 8,17, para confirmar a terceira vitória. Na final, estavam as outras duas campeãs em Saquarema, Luana Soares de 2023 e Evelin Neves de 2024, além de Ayllar Cinti.

“Nossa, eu estou nas nuvens ainda. Tinha altas ondas, esquerdas lindas, Sol, praia cheia. Acho que é o cenário ideal que a gente sonha e Saquarema, eu não canso de falar o quanto é especial pra mim”, disse Chloe Calmon“Essa semana a gente foi presentada com altas ondas todos os dias. Na minha semifinal ontem, eu peguei só uma onda boa, então meu objetivo agora era tentar surfar o máximo, aproveitar todas as oportunidades possíveis. Eu me sinto muito conectada com as ondas daqui de Itaúna e estou muito feliz com essa minha fase, com meu surfe, com a Natureza, com a minha prancha, enfim, eu to muito feliz”. 

Na final masculina, o bicampeão mundial Phil Rajzman também ficou sem competir no ano passado para tratar de um câncer. Ele pegou uma onda muito boa logo no início e deu seu show, para largar na frente com uma nota no critério excelente do julgamento, 8,00. O local de Saquarema, Rodrigo Sphaier, que já tinha vencido o REMA WSL Saquarema Surf Festival em 2022, chegou a assumir a liderança com notas 7,17 e 5,43. Até Phil Rajzman achar outra onda boa para ganhar nota 6,00, que confirmou a vitória por 14,00 pontos, contra 12,60 do Rodrigo Sphaier, 10,10 do Wenderson Biludo e 9,50 do uruguaio Julian Schweizer.

“Obrigado ao REMA pelo quinto ano incentivando o surfe no Brasil e pra mim, sem dúvida nenhuma, é um resultado histórico”, disse Phil Rajzman. “Eu superei um câncer no ano passado, ainda estou em tratamento, todo mês faço imunoterapia e não tinha expectativa nenhuma de fazer a final nesse evento. Mas as coisas foram acontecendo, as ondas foram aparecendo, o equipamento tá mágico, as ondas estão perfeitas e tudo fluiu a meu favor. Eu teria que fazer um transplante de medula, mas não precisou e espero que essa história sirva de exemplo para que as pessoas não desistam, façam o que amam, porque o momento é agora, é o presente, porque o passado a gente não vai mudar e o futuro está relacionado com o nosso presente. Eu estou aqui com a vitória que veio de uma forma inesperada, inacreditável, e só tenho que agradecer a Deus e todos os amigos, familiares, todo mundo que tá torcendo, obrigado”.

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